Qui êtes-vous ?

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nas montanhas, Brazil
Desde quando se encantou pelo circo e pelo cinema, Denise Santos expressa suas ideias e sentimentos através destas artes. Documentarista, produtora cultural, faz cicloviagens e é artista circense.

23 octobre, 2009

o movimento do filme

o falsário torna-se o próprio personagem do cinema e não mais o  criminoso, o cowboy, o homem psicossocial, o herói histórico, o detentor de poder. O falsário é o novo personagem que vem operar o transito contínuo da forma fixa à metamorfose: Eu é outro substitui Eu= Eu, ou seja, contrariamente à forma do verdadeiro que é unificante e tende à identificação de um personagem, a potência do falso, do falsário, é inseparável de uma irredutível multiciplidade. Não se trata, portanto, com a potência do falso emergindo enquanto princípio de produção das imagens, de embuste, ilusão ou fraude colocadas no lugar e em oposição a um ideal de verdade, mas de uma vontade de potência que se põe em ato, relação entre forças, poder de afetar e ser afetado.

                                                                                                    
Gilles Deleuze, As potências do falso
foto do filme Cronique d `un été, de Jean Rouch e Edgar Morin

22 octobre, 2009

               
 uma
     
         recusa
                            por histórias
verossímeis.

natureza, tu reza, tunare

toda             é
        vida             interessante.

21 octobre, 2009


 
foto: Lázaro da Paz

é chegada a hora do final de pré produção, começam então os preparativos para às filmagens.
equipamentos-equipe técnica-dispositivos-roteiro técnico-viagem- tensão-excitação- contatos- pés e morros-imagens- poesia-calor-vontade.
enfim, lá vamos nós por estradas e lom-bra-das.

15 octobre, 2009

cine-olho

Eu sou um cine-olho. Eu sou um construtor. Eu te coloquei num espaço extraordinário que não existia até este momento. Nesse espaço tem doze paredes que eu registrei em diversas partes do mundo. Justapondo a visão dessas paredes e alguns detalhes consegui dispô-las numa ordem que te agrada e edifiquei, da forma adequada, sobre os intervalos, uma cine-frase que é, justamente, esse espaço.

Eu, cine-olho, crio um homem muito mais perfeito que aquele que criou Adão, crio milhares de homens diferentes segundo desenhos distintos e esquemas pré-estabelecidos.
Eu sou o cine-olho. Tomo os braços de um, mais fortes e hábeis, tomo as pernas de outro, melhor construídas e mais velozes, a cabeça de um terceiro, mais bonita e expressiva e, pela montagem, crio um homem novo, um homem perfeito.

Dziga Vertov

06 octobre, 2009

04 octobre, 2009

é no pé do morro é lá no cafundó

Quando me foi entregue a possibilidade de filmar unicamente a Bacia do Paramirim, critérios do edital em que o projeto foi contemplado, comecei a pensar em um esboço de pré roteiro para falar de um lugar que não conheço, nunca visitei.

Como minha pretensão não é a de mostrar a Bacia e sim ir em busca de pessoas comuns, determinei que tal território servisse mesmo como prisão para o filme, dali eu extrairia possíveis locações, ponto de encontro entre diretora e personagens.

Estabelecido o primeiro dispositivo de filmagem, o de prevê o espaço geográfico sem a intenção de um recorte prévio sobre tais localidades, recorri à internet e fiz uma pesquisa superficial sobre nomes de quilombolas na região.

Dentre vários quilombos, me chamaram a atenção Pé do Morro e Cafundó, onde acontecerão as filmagens.Dessas comunidades é o que sei, levam o nome de confins.

imagi-n-ação

o desafio neste trabalho documental está na relação com meu objeto, ainda confuso e titubeante. partir rumo a um lugar desconhecido em busca de personagens, pessoas comuns, num jogo de cena entre equipe e entrevistados.e assim, registrar a passagem do encontro.

03 octobre, 2009

não acredite em quem sempre diz a verdade.

Elias Canneti

com/edição/humana

os outros formam o homem, eu relato a seu respeito e represento um em particular, bastante mal formado: eu mesmo [...] Não posso fixar meu objeto; ele vai, confuso e titubeante, com uma ebriedade natural. Pego-o em qualquer lugar, como está, no instante em que com ele me divirto; não descrevo o ser, descrevo a passagem [...] Descrevo uma vida baixa e sem brilho: dá na mesma; é possível achar toda a filosofia moral numa vida popular e privada tanto quanto numa vida feita de matéria mais rica: cada homem leva em si a forma inteira da condição humana. (MONTAIGNE)

01 octobre, 2009




Não basta abrir a janela
para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
                                                         
                                                                            Alberto Caeiro

a mosca na sopa

“documentário é um tipo de ficção, uma ficção hard (...) uma forma de ficcionar o imponderável do mundo que nos rodeia, pois sempre envolve o recorte tendencioso do olhar de um realizador”

é no pé do morro é lá no cafundó, da conquistense Denise Santos, faz parte do projeto contemplado pelo edital 013/2008, APOIO À PRODUÇÕES DE OBRAS AUDIOVISUAIS NA FORMA DE DOCUMENTÁRIOS, do Governo do Estado da Bahia, Secult- Secretaria de Cultura da Bahia, Secretaria da Fazenda, Fundo de Cultura, Irdeb- Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia e TVE da Bahia.
O filme está em fase de pré produção e daqui a aproximadamente um mês a equipe de filmagem passará para a etapa de produção, quando na ocasião percorrerá o território da Bacia do Paramirim em busca de comunidades quilombolas. As locações já previstas são os quilombos Cafundó e Pé do Morro, situados nas cidades de Paramirim e Tanque Novo, respectivamente.